O PODER

Irani Mariani – advogado, OAB/RS 5.715 

“Dos infinitos desejos do homem, os principais são os desejos de poder e de glória.” (W.W.Norton, 1938). 

Venho de uma geração que acompanha a política brasileira desde a década de 1950, vivenciando, entre outras: o suicídio de Getúlio Vargas em 24/08/1954; a renúncia de Jânio Quadros em 25/08/1961 e, a seguir, o Movimento pela Legalidade deflagrado por Leonel Brizola; o parlamentarismo criado às pressas (1961/1962) para acomodar a situação de João Goulart; o retorno ao presidencialismo em janeiro/1963 por decisão em plebiscito popular; a Revolução de 1964, com amplo amparo da sociedade; Diretas Já em 1984; o fim da Ditadura no ano de 1985; o impeachment do ex-presidente Collor em 1992; o governo do PT (2003/2016) que, pela corrupção generalizada e má gestão das contas públicas, resultou no recente impeachment de Dilma Rousseff. 

São 66 anos de inquietações, onde tenho observado que as campanhas eleitorais não passam de guerra suja entre políticos na busca do poder; e os vencidos, por não aceitarem a derrota, seguem na luta acirrada para inviabilizar o governo dos vencedores, embora sabendo que a população é a vítima. 

Agora, após nove meses de impeachment, onde o processo observou rigorosamente todos os procedimentos legais, os inconformados afirmaram que vão inviabilizar o governo Temer, numa clara demonstração de que, mais uma vez, o interesse da população não conta. 

Assim, decorridos 66 anos, a classe política brasileira continua a mesma, movida pelo desejo principal de poder e de glória, esquecendo-se de que nossa passagem por este mundo é breve e que os eleitos têm a missão de servir e não de serem servidos. E, como disse Augusto Cury, que citei em artigo anterior, referindo-se aos maus: “Quando essas pessoas assumem um cargo de poder, os monstros do seu inconsciente entram em cena produzindo comportamentos autoritários e destrutivos.” 

Até quando a classe política continuará apostando no quanto pior melhor?

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